Desde ontem, muitas emoções têm estado presentes dentro de mim. Comecei com indignação, mas rapidamente a afastei, passou por mim a tristeza, a frustração, a impotência, a ansiedade, a angustia...agora, depois de muito pensar, de muito trabalho de auto-disciplina, tenho comigo a aceitação.
Tenho que aceitar, que fazemos parte de uma sociedade, assente em estruturas ocas de interesses económicos, onde os valores ancestrais de respeito pelos outros, a amizade, a solidariedade etc, cairam em desuso.
O artigo da Revista Visão, foi um ataque vergonhoso a uma forma de medicina fantástica, que ajuda milhões de pessoas em todo o mundo. Foi vergonhoso, porque foi escrito por leigos em ciência homeopática, foi vergonhoso, porque só apresenta uma versão do assunto, foi vergonhoso pela escrita pobre e pelas citações de cariz ofensivo.
A Homeopatia é a minha vida, é uma paixão que tem exigido de mim imensos sacríficios. Estudo Homeopatia quase compulsivamente há muitos anos, entrego-me totalmente aos meus pacientes, sacrifico tempo para a minha familia, sacrifico férias, fins de semana...tudo isto com uma única motivação, o sucesso clínico, ver os meus pacientes melhores.
Cheguei a um nível da minha prática clínica, que não tenho que perder tempo a tentar provar que a Homeopatia funciona. Os resultados estão à vista, não só sensasorialmente, como analiticamente.
Não é novidade para nenhum homeopata, que acima de determinada potência homeopática, não existem moléculas da substância original e que, quanto mais alta for a potência (com maior grau de diluição), mais profunda é a acção do medicamento. Não contesto que este príncipio contraria na totalidade, todas as leis da física e da quimica que se conhecem hoje em dia.
O que me deixa triste, é a limitação mental de muitos cientistas. Um cientista é alguém que se baseia na evidência, mas a evidência também se baseia em pressupostos, os pressupostos actuais de evidência. Para mim, os critérios de evidência aos quais a Homeopatia tem sido submetida, estão totalmente errados. A Homeopatia tem as suas regras específicas, que se não forem cumpridas, obviamente não vai funcionar.
Fazer estudos clínicos com Homeopatia, estrapolando metodologias utilizadas na medicina convêncional é um erro. Não tem rigor científico e é a explicação para os constantes resultados que têm vindo a público. Não contesto os resultados, considero até que publicações como o "Lancet" são altamente credíveis, o que tenho que constestar são as metodologias utilizadas nesses estudos.
Os estudos homeopáticos são baseados no seguinte pressuposto: vamos provar que a Homeopatia não funciona, ou que a Homeopatia é efeito placebo. Estes estudos são feitos por pessoas com créditos provados nas suas áreas, mas que não dominam os princípios homeopáticos.
Os estudos com Homeopatia têm que ser feitos segundo os métodos homeopáticos, temos que adaptar os pressupostos da evidência, à especificidade da Homeopatia, não podemos querer ter resultados homeopáticos, quando os medicamentos são utilizados segundo a visão da medicina convencional.
Tenho defendido a criação de grupos de cientistas, sobretudo no meio universitário, pela curiosidade e por não estarem tão facilmente sujeitos à pressão de interesses, que seguissem o seguinte princípio: sabemos empiricamente que a Homeopatia funciona, sabemos que trata milhões de pessoas em todo o mundo, vamos saber porquê!! vamos investigar, que mecanismos as ultra-diluições accionam no corpo para levar à cura.
A Homeopatia trata os sintomas da doença, com substâncias que provocam num ser saudável, os mesmos sintomas que o doente apresenta. Acredito incondicionalmente, que se a investigação for no sentido de compreendermos os mecanismos de acção do medicamento homeopático, teremos muitas e importantes respostas, sobre a forma como a doença se manifesta no corpo, isto é, ao sabermos como a "doença" do medicamento se comporta no organismo, saberemos como a doeça propriamente dita se manifesta no corpo.
A Homeopatia tem já duzentos anos, são duzentos anos de experiência clínica de grandes médicos por esse mundo fora, que não podem ser despresados. Grandes cientistas, trabalharam grande parte da sua vida em pról da medicina homeopática. Deixaram-nos um legado médico precioso na ajuda aos que precisam. A Homeopatia, não é uma panaceia, requer uma vida inteira de estudo e dedicação, muitos dos actuais detractores não fazem a mais pequena ideia do que é estudar uma Matéria Médica Homeopática.
Quero dizer com isto, que o conhecimento científico da humanidade não está fechado. Se queremos verdadeiramente evoluir no conhecimento, temos que estar abertos, temos que questionar, pela positiva e não pelo derrotismo. O verdadeiro cientista não tem verdades absolutas, quem as tem, não evolui e, vive de arrogância e pequenez.
Considero-me um homeopata de sucesso, trato todos os que me procuram de um modo responsável e respeitando os limites da Homeopatia. Afirmo determinantemente que a medicina convencional é insubstituível. Todos os dias, milhares de médicos fantásticos fazem milagres por esses hospitais. Tenho imensos amigos médicos que respeito acima de tudo, pelo trabalho que fazem. A Homeopatia é um complemento precioso à abordagem médica, é em muitos casos, uma extenção da medicina. Trabalho frequentemente com pacientes que me são recomendados por médicos, com um sucesso clínico muito acima do esperado com medicina convencional apenas. Quem ganha com este intercambio de experiências? O doente, que deve ser sempre o nosso foco.
Guerras de interesses, só estão ao alcançe dos que não estão focalizados no tratamento dos doentes. Essa não é a minha conduta e por isso não quero entrar nelas.
A Homeopatia é uma pérola, a sua eficácia clínica é surpreendente nos adultos, nos bebés, nos animais, nas plantas, etc. Quem não quer recorrer, está no seu direito, mas deve respeitar o livre arbitrio de quem quer e, de quem confia neste extraordinário tratamento. Em vez de perdermos tempo com patetices, deveriamos unir sinergias para ajudar os doentes.
Como em todas as profissões, há bons e maus profissionais. Se há casos de negligência médica em consultas de Homeopatia, também as há nas consultas de medicina convencional. Tenho defendido, serem criados cursos credíveis, com formação sólida em todas as vertentes da saúde humana com o objectivo de formar profissionais homeopatas com capacidade para avaliar o doente e saber aplicar o método homeopático dentro dos seus limites. Esta, para mim, é uma questão fundamental, saber quando o caso não é passível de tratamento homeopático.
Este artigo da revista Visão, foi muito importante para se falar mais desta extraordinária forma de tratamento. Nós, que amamos a Homeopatia e que nada temos a temer, só podemos agradecer a exposição pública que está a ter. Eu vejo sempre as coisas pelo lado positivo, não quero alimentar qualquer sentimento negativo, embora fosse fácil, dada a má qualidade do artigo. Confesso, que depois de todos estes anos de esforço e de estudo, de ter estado com alguns dos melhores homeopatas do mundo em vários países, entristeceu-me a expressão "homeopatetice" proferida por uma professora de química do Instituto Superior Técnico. Esperava mais abertura, das pessoas que ensinam os futuros cientistas do nosso país. Espero que nunca venha a precisar da "homeopatetice" quando a "quimico-espertice", por alguma razão, não resultar.
Só me resta deixar uma palavra de agradecimento, a todos aqueles que têm confiado no meu trabalho e na Homeopatia. É por todos eles, que tenho trabalhado e com eles tenho evoluido. Apesar de todas as forças contrárias, o esforço tem valido a pena.
Nuno Oliveira